Até a pé nós iremos, para o que der e vier...A pé, leitor, pela linha do trem, com o Maracanã ao fundo, à direita – esta é a modalidade de transporte que o Pan lega ao Rio de Janeiro.
Autoritarismo gastronômico II
Não se sabe até quando – mas a 11ª Câmara Cível do Tribunal de Justiça do Rio aceitou a liminar do Ministério Público Estadual e liberou o acesso d´alimentos outros que não aqueles oficial e exclusivamente vendidos [leia-se Bob´s e apenas Bob´s] nas arenas do Pan, desde que para consumo pessoal.
O Comitê Organizador desta vez não recorrerá. Que assim seja.
Deu aro
É sintomático que o basquete masculino brasileiro, sempre que evocado, remeta-nos à gloriosa final pan-americana de 1987, em Indianápolis, aquela em que Oscar e Marcel, secundados por um inspiradíssimo Israel, viraram jogo quase perdido contra os até então imbatíveis ianques. Faz isso, porém, vinte anos...
De lá pra cá, dirigido pelo supra-sumo da incompetência esportiva – que atende pela sigla CBB – e comandado, em quadra, por treinadores ultrapassados e assim acomodados, Helio Rubens, Ary Vidal e discípulos, os mesmos de há vinte anos, o basquete nacional encontrou por realidade, em sua estréia neste Pan, duríssima vitória sobre a inacreditável seleção das Ilhas Virgens.
Aos qu´alegarem que joga a seleção brasileira ora sem seus craques da NBA, lembro que o Brasil não disputa uma Olimpíada desde Atlanta, 1996, embora tenha contado com todos seus astros internacionais nos pré-olímpicos de Sidney e de Atenas.
Na América do Sul, onde sempre foi hegemônico, hoje o basquete brasileiro apanha de times B da Argentina, a despeito de ter vencido uma equipe portenha C na final pan-americana última, a de Santo Domingo, 2003.
A seleção brasileira masculina de basquete é, portanto, a atual detentora do título em disputa – e mais não pode almejar que, sob dorido esforço, mantê-lo.
Seria pouco, fosse nada.
Ainda o basqueteNo Brasil, o surgimento de grandes atletas não resulta em estímulo para o crescimento do esporte – para a multiplicação de talentos. Não. Serve, isto sim, para perpetuação infinita de dirigentes esportivos – e só.
Veja, leitor, o caso do tênis. Faz dez anos que Gustavo Kuerten triunfou em Roland Garros – e o que a conquista individual de Guga, partida para tantas outras, legou ao tênis brasileiro senão saudade? Onde estão os jovens tenistas, os campeonatos nacionais d´alto nível? Onde?
Desperdício...
No basquete masculino, já era evidente antes, o mesmo se deu, com violência, a partir d´Atlanta – no rastro das vitórias de Oscar e Cia.. Veio o tombo. Quase um fim... Não será diferente entre as mulheres, infelizmente, porquanto ainda ecoem [e ecoarão por anos] os feitos de Hortência, Paula e, mais recentes, os de Janeth.
Os títulos, as medalhas qu´elas conquistaram tão-só alimentarão de sobrevida os dirigentes da CBB – para sacrifício exclusivo do basquete.
O heptatlo, segundo os tribuneiros
Jéssica Zelinka [acima], do Canadá, medalha de ouro, mesmo sentindo forte fisgada no músculo posterior da coxa esquerda durante a prova de 1500m, contusão por ocasião da qual nunca antes, no mundo todo!, um evento esportivo terá apresentado, ao mesmo tempo, tantos e tão solícitos massagistas.
(Recorde mundial, aliás o único, batido neste Pan do Rio).
A portenha Fernanda Lauro, acima, cujos resultados - ruins - não lhe fizeram justiça.
Thaissa
Presty [acima], brasileira, respirando fundo, um pouco nervosa antes da prova...
Maureen Maggi [direita], à espera de suas medidas. (Que, mais tarde, resultariam em ouro - no que já se dava para apostar).
Lucimara Silvestre [à esquerda], do Brasil, bronze no heptatlo, embora especialistas vejam abundante potencial para dourado futuro.
O mistério das arquibancadas vazias
Faz tempo qu´insisto no inexplicável d´encontrar, dia após dia, prova após prova, arena após arena, quantidade monumental de lugares vazios nas arquibancadas, lá onde, por vezes, minoria é o público – e isto depois de terem celebrado os ingressos esgotados. (Todos)!
Mas: como assim esgotados? Todos? Quem são os tarados que compram entradas caras, disputadíssimas ademais, e simplesmente não vão aos estádios? (E nem se esforçam em revendê-los)?
Este argumento segundo o qual, do total de 1,7 milhão de ingressos [não numerados], trezentos mil foram distribuídos entre União, estado e município [mormente este último], e 30% entre patrocinadores, agências de turismo e confederações, é duma desfaçatez fabulosa, qual se não se tratassem de números absurdos – de configurar mesmo olímpico “trem da alegria” –, além d´explicar as [merecidas] vaias para o presidente da República e sobretudo a farra dos cambistas d´ocasião que, socialmente assistidos pela distribuição gratuita d´entradas [coisa de Cesar "O Generoso" Maia], vendem ingressos por preços [bem] menores que os cobrados, de origem, nas bilheterias, sem se incomodar acaso uns tantos sobrem.
Dane-se – dirão.
Sonhar não custa nada
Para OlgaO Maracanã recebe hoje a final do futebol feminino. É boa a seleção brasileira. Decerto uma entre as cinco forças do mundo, quiçá entre as três – coisa de se espantar acaso consideremos o abandono oficial sob o qual são [des]tratadas essas meninas. Do outro lado, com seu talentoso time sub-20 [composto d´atletas universitárias], os EUA – tradição pura, puríssima, no que se refere a futebol feminino.
Com perdão do maniqueísmo, insistirei nesta oposição. Peguemos as craques de cada seleção: Marta, goleadora do torneio e eleita, sem mais, a melhor do mundo, e Lauren Cheney, revelação ianque, vice-artilheira da competição e única entre as americanas a ter já defendido sua seleção principal.
Pois bem: Lauren, como supra-escrito, é universitária, assim porque, suponho, estuda, forma-se, prepara-se, em seu país natal, para um futuro além do esporte, com amplas possibilidades de igual sucesso. Marta, no entanto, tendo pouco estudado na infância-adolescência, ao mesmo tempo sem perspectivas d´êxito profissional no Brasil, tão-logo vencido o Pan de Santo Domingo, mudou-se para a Suécia, aos 17 anos, onde joga há quatro temporadas e junta dinheiro para um porvir ainda assim nebuloso fora do futebol.
Jovem ainda, Marta sonha com o dia em que poderá exercer sua carreira profissional no Brasil. Nunca, Marta – eu diria. E me ocorre se terá ela já procurado, neste campeonato brasileiro ora em curso, entre os atletas que o disputam, um rapaz – unzinho só – que lhe equivalha em talento, um craque que seja. Não o encontrará. [Obina, aviso, é
hors-concours]. Estão todos na Europa, como ela. E por futuro, se lá já não estiverem, sonham com Milan, Real Madrid, Manchester, Barcelona etc., embora, acordados, prefiram jogar mil vezes na Turquia, na Ucrânia e até em Israel a trabalhar no Brasil.
Estão certos. Ou alguém dirá que não?
Propaganda do regime VO Focca, fidélico inveterado, arrematou, por R$40 [sem pechincha], esta camisa de treino cubana [acima, à direita]. Os casacos oficiais, azuis, saem por R$100, embora os atletas insulares estejam abertos para negociar os preços e até aceitem escambo, como já aqui registrado. (Uma torcedora brasileira trocou, por exemplo, três vidros de esmalte por um boné de softbol cubano).
Apesar de não admitirem publicamente, como já fazem a respeito de qualquer outro escambo, os atletas de Cuba vendem e trocam até mesmo as medalhas pan-americanas conquistadas. À boca pequena, corre o boato de que Tiago Camilo, cuja medalha se quebrara, teria assim recuperado o seu ouro.
Mas decerto que se trata de maledicência.
VoluntáriosInfluenciados pelos atletas cubanos, os voluntários pan-americanos, explorados pelos organizadores [e alimentados com os mais infames pães com mortadela], invadiram a pista d´atletismo do Engenhão, organizaram suas próprias provas e já ameaçam pegar em armas e fazer a revolução.
Eles exigem presunto.
(O Focca nega qualquer participação no levante).
Mui amigasKeila Costa e Maureen Maggi no pódio – elas se adoram...
Galã adormecido
O ator global Cauê Raymond, repousando...
Off-Pan
Redito e não dito, da B.D., no tradicional site da Casa:
www.tribuneiros.com