31.7.07

Nova Podridão


No Brasil – e sobretudo no Rio de Janeiro –, sabe-se que a coisa pública vai mal [generosidade minha] quando ao nome de suas principais entidades se acrescenta, antes ou depois, a palavra “novo” ou, claro, “nova”. (Em alguns casos, um pouco mais complicados, extingue-se a escravidão ou se proclama a república – mas são exceções).

Habitualmente, porém, muda-se a alcunha, dando-lhe letras de modernidade e visual futuroso, para se manter as mesmas estruturas apodrecidas, os mesmos mandatários viciados, os mesmos privilégios excludentes. Houve, num plano mais amplo, o Estado Novo de Getúlio Vargas e a Nova República, de Sarney e Ulisses, de ACM e Marco Maciel. E quem não se lembrará do cruzado novo, mais recente, ou do cruzeiro novo, moeda vigente entre 1967 e 70?

De novo, em suma, só o nome.

No Rio, faz pouco, tivemos a Nova Polícia – criação dos garotinhos. Agora é a vez da Cedae – batizada já Nova Cedae –, sinal marqueteiro de que vão fedidas as águas do estado...

E por que não, ora, Novo Rio?

Talvez seja mesmo o momento de radicalizar, de ter coragem!, e enfrentar os problemas da população com seriedade.

Nota de rodapé literária

Quase amor, texto brilhante!, de Felipe Moura Brasil, lá no glorioso site da Casa: http://www.tribuneiros.com/

30.7.07

Leonel Brizola II (Não é para o Focca)

Mostrando toda a minha independência político-ideológica [risos!], publico aqui mais uma pérola da verve brizolista, de novo contra as organizações Globo, desta vez por ocasião da campanha presidencial de 1989.

Notas pan-americanas - fim














Pingos nos is

Se o país, de fato, evolui esportivamente desde os jogos de Winnipeg, é preciso relativizar o peso desta evolução em termos olímpicos: gramas de acréscimo – e talvez mais gordura que massa muscular.

A vitória de Flavio Saretta é mui simbólica do juízo esportivo que faço deste recém-finado Pan. Melhor tenista do Brasil e campeão pan-americano, ele é hoje, porém, o centésimo trigésimo oitavo no ranking mundial.

Ridículo

Causou-me engulhos esta disputa com Cuba pela segunda colocação no quadro de medalhas. Não obstante o fato de que, pra valer, em Pequim, dar-nos-ão uma surra, mesmo tendo população quarenta vezes menor, lembro que se trata de país miserável, onde vige ditadura, esta que faz do esporte instrumento de propaganda derradeiro para uma ilha onde todos gozam de plena saúde e sabem ler, embora ler – livremente – não possam.

Futuro

Ainda sobre a importância esportiva dos Jogos Pan-Americanos, talvez ela esteja na possibilidade de formar jovens atletas e lhes dar experiência – isso que fazem, muito bem, Canadá e EUA, tendo ao Rio enviado, quando não medíocres equipes B ou C, futurosos atletas juvenis, entre eles, decerto alguns destinados a figurar bem nas Olimpíadas de Pequim.


Nível internacional?

Acima, o novíssimo Estádio Olímpico João Havelange, construído - em pleno século XXI - por uma fortuna e vendido qual o que há de mais moderno no mundo, isto a despeito de, como o Parque Aquático Maria Lenk, inacreditavelmente sujeitar o desempenho dos atletas a toda sorte de variação climática.

Durante mesmo a competição de salto com vara masculino, no sábado último, ocorreu-me se a estrutura de lona bizarra que se montou para que protegidos restassem os equipamentos não seria tecnologia importada dum assentamento do Movimento Rural Sem Terra.

Segurança

O Pan acabou, como previsto, sem maiores transtornos de segurança pública, o que assevera a honradez dos bandidos, que cumpriram em silêncio o acordo de trégua proposto pelo Estado. Ontem, todavia, tiros já se ouviam na Rocinha. É a vida, ora, voltando ao normal. (Fiquemos tranqüilos, porém: o Presidente da República garantiu que 75% da segurança pan-americana será mantida na cidade)...

E o que nos fica afinal, cariocas?

É justa a pergunta. Do ponto de vista urbano, nada. (A Baía de Guanabara segue um lixo; a Lagoa, idem).

Os jogos legam-nos algumas construções de grandeza monumental, o Estádio Olímpico João Havelange por exemplo, o popular Engenhão, entretanto para o qual – se mais não digo – o poder público nos recomenda ir de trem, leitor, sobre aqueles mesmos trilhos traçados ainda quando uma monarquia aqui retumbava. (Poderemos nos locomover, em breve, também de bicicleta, se soubermos bem utilizar - e assim nele aprimorar a técnica de nossas pedaladas - o igualmente novíssimo velódromo do município, cujo piso é de pinho siberiano)...

Eu escreveria que muito me impressionei com a Arena Multiuso, erguida no terreno do autódromo. Com efeito, ginásio de nível internacional - o único. Mas tenho honesta vergonha de me encantar com obras assim. Elas aprofundam as desigualdades - ou as fazem apenas berrar - numa cidade cujo déficit habitacional cresce quinhentas mil moradias por ano.

E, agora sim, mais não escrevo.

O figuraça Norival Reis e o memorável "Ilu Ayê"

Este, à direita, é Norival Reis, um dos primeiros compositores profissionais a disputar - e vencer - samba-enredo nas grandes escolas, antecipando o que hoje, infelizmente, é regra. (Norival, porém, é grande compositor - o que fará sempre grande diferença).

Aqui, neste breve vídeo, ao lado do também fantástico Dedé da Portela [à esquerda], Norival conta e canta, entre outras, a história do clássico "Ilu Ayê", parceria com Cabana, samba com o qual a Portela desfilou em 1972, conquistando o terceiro lugar naquele carnaval arrebatado pelo glorioso Império Serrano.

27.7.07

Errata pan-americana

Sebastian Cuattrin vem de ganhar seu primeiro ouro pan-americano, na prova de 1000m [k4].

Mas não é este o motivo da presente errata, já qu´a informação abaixo publicada, de que Cuattrin seria o rei das medalhas de prata, era até então verdadeira.

O reparo jornalístico que ora faço, atendendo aos insistentes e sentidos telefonemas de seus familiares - e não sem antes lhes pedir desculpas, bem como ao remador - é que Cuattrin, embora de fato nascido na Argentina, não é torcedor do Vasco da Gama.

Notas pan-americanas XIII

Burocracia gastronômica

O CO-Rio alega que não foi notificado ainda, apesar do Ministério Público estadual ter conseguido liminar que libera o acesso d´alimentos outros que não os vendidos, com exclusividade [e sem variedade], pelo Bob´s nas arenas pan-americanas, desde que, importante, para consumo pessoal.

Daí porque, vê-se à foto, teve a torcedora de jogar no lixo seus saborosos amanteigados caseiros.

Burocracia pura – e indigesta.

Vocação: prata

O remador brasileiro [naturalizado] Sebastian Cuattrin não conseguiu o sonhado ouro na canoagem K1, terminando a prova dos 1000m como vice – o que lhe valeu a terceira medalha de prata em jogos pan-americanos.

Nascido, claro, na Argentina, Cuattrin é, óbvio está, grandíssimo vascaíno.

Dermatologia ianque

Sofri meses como uma micose às costas. Tivesse, porém, lido antes o manual d´instruções [de sobrevivência?] que o Comitê Olímpico dos EUA distribuiu para seus atletas pan-americanos e talvez evitasse a cousa...

Publicamente divulgado apenas agora, já ao fim dos jogos, o texto, a despeito d´absolutamente verdadeiro, causou certa indignação entre os mais provincianos cariocas – e como deve ter sentido o maior d´eles, o maquiador de cidades e alcaide Cesar "O Generoso" Maia...

Assim, nessas palavras, versa en passant sobre guerra em favelas, seqüestros-relâmpagos e falta absoluta de policiamento em certas várias zonas da cidade. No que se refere ao que me plantou a micose, recomenda o manual, por ocasião de se ir à praia, que nunca se fique descalço na areia e tampouco se lance, sem proteção intermediária, as costas e os braços nas cadeiras alugadas. Mergulhar no mar? Só se for inevitável.

Nas entrelinhas... Vir ao Rio? Só se for inevitável.

Voluntários II

E segue, na surdina, o treinamento de guerrilha cubana a que se submetem os voluntários pan-americanos, a cada dia mais insatisfeitos com o pão com mortadela que lhes é servido de lanche. E já nem exigem mais presunto. Fecharam questão com peito de peru. (Do refresco, Toby Guaraná, reclamam também).

A revolução pan-americana é iminente.

Diplomata

Este é Tony Azevedo, americano, embora nascido no Brasil. Medíocre atleta da seleção C dos EUA, ouro no pólo-aquático pan-americano, foi chamado de traidor pelos loucos torcedores qu´enfrentaram o frio e o baixo nível da final para acompanhar a seleção brasileira, medalha de prata afinal.

Tony sequer fala português. Do Brasil, porém, tem exata noção:

“Costumo passar férias no Rio. Adoro a capirinha, as mulheres e as praias daqui”.

E lamba, gente boa...

Mandinga roqueira IV

Esta [abaixo] é a arquibancada em frente ao campo de softbol, na Cidade do Rock, e aqueles sete torcedores nela presentes são, na verdade, pais de santo difarçados, cuja missão consistirá em, tão-logo terminado o jogo, localizar e desenterrar, com devidas rezas, o sapo sofrido que por lá se encravou.

Eram, d´início, dez – mas três não suportaram a pressão d´acompanhar um match de softbol inteiro e desertaram.

Morda-se d´inveja, Juveninho

Jennie Finch [abaixo], craque do sortbol ianque, posando – e sorrindo – exclusivamente para este tribuneiro.

(O par de Havaianas que Jennie segura foi comprado com os recursos do Fundo Tribuneiro para a Divulgação das Boas Cousas do Brasil).


Assédio global

O ator global, galã Cauê Raymond, muito assediado na Vila Pan-Americana.

É semba, caboclo!

Se o batuque pan-americano não te apetece, leitor, leia, lá no site da Casa, Mart´nália – a voz do couro, sim senhor: http://www.tribuneiros.com/

Leonel Brizola (Para o Focca)

Este é um dos mais importantes momentos da história da tevê brasileira, leitor. Cid Moreira, repare, absolutamente atônito, lê, sob exigência judicial, nota dura - duríssima - de Leonel Brizola contra a TV Globo, e isto, leitor, durante o Jornal Nacional.

Brizola, na qualidade de governador do estado, terá mais errado qu´acertado - mas, admito, quando se punha a falar, ou mesmo quando lido por terceiros, era imbatível.

26.7.07

Notas pan-americanas XII

Até a pé nós iremos, para o que der e vier...

A pé, leitor, pela linha do trem, com o Maracanã ao fundo, à direita – esta é a modalidade de transporte que o Pan lega ao Rio de Janeiro.


Autoritarismo gastronômico II

Não se sabe até quando – mas a 11ª Câmara Cível do Tribunal de Justiça do Rio aceitou a liminar do Ministério Público Estadual e liberou o acesso d´alimentos outros que não aqueles oficial e exclusivamente vendidos [leia-se Bob´s e apenas Bob´s] nas arenas do Pan, desde que para consumo pessoal.

O Comitê Organizador desta vez não recorrerá. Que assim seja.

Deu aro

É sintomático que o basquete masculino brasileiro, sempre que evocado, remeta-nos à gloriosa final pan-americana de 1987, em Indianápolis, aquela em que Oscar e Marcel, secundados por um inspiradíssimo Israel, viraram jogo quase perdido contra os até então imbatíveis ianques. Faz isso, porém, vinte anos...

De lá pra cá, dirigido pelo supra-sumo da incompetência esportiva – que atende pela sigla CBB – e comandado, em quadra, por treinadores ultrapassados e assim acomodados, Helio Rubens, Ary Vidal e discípulos, os mesmos de há vinte anos, o basquete nacional encontrou por realidade, em sua estréia neste Pan, duríssima vitória sobre a inacreditável seleção das Ilhas Virgens.

Aos qu´alegarem que joga a seleção brasileira ora sem seus craques da NBA, lembro que o Brasil não disputa uma Olimpíada desde Atlanta, 1996, embora tenha contado com todos seus astros internacionais nos pré-olímpicos de Sidney e de Atenas.

Na América do Sul, onde sempre foi hegemônico, hoje o basquete brasileiro apanha de times B da Argentina, a despeito de ter vencido uma equipe portenha C na final pan-americana última, a de Santo Domingo, 2003.

A seleção brasileira masculina de basquete é, portanto, a atual detentora do título em disputa – e mais não pode almejar que, sob dorido esforço, mantê-lo.

Seria pouco, fosse nada.

Ainda o basquete

No Brasil, o surgimento de grandes atletas não resulta em estímulo para o crescimento do esporte – para a multiplicação de talentos. Não. Serve, isto sim, para perpetuação infinita de dirigentes esportivos – e só.

Veja, leitor, o caso do tênis. Faz dez anos que Gustavo Kuerten triunfou em Roland Garros – e o que a conquista individual de Guga, partida para tantas outras, legou ao tênis brasileiro senão saudade? Onde estão os jovens tenistas, os campeonatos nacionais d´alto nível? Onde?

Desperdício...

No basquete masculino, já era evidente antes, o mesmo se deu, com violência, a partir d´Atlanta – no rastro das vitórias de Oscar e Cia.. Veio o tombo. Quase um fim... Não será diferente entre as mulheres, infelizmente, porquanto ainda ecoem [e ecoarão por anos] os feitos de Hortência, Paula e, mais recentes, os de Janeth.

Os títulos, as medalhas qu´elas conquistaram tão-só alimentarão de sobrevida os dirigentes da CBB – para sacrifício exclusivo do basquete.

O heptatlo, segundo os tribuneiros







Jéssica Zelinka [acima], do Canadá, medalha de ouro, mesmo sentindo forte fisgada no músculo posterior da coxa esquerda durante a prova de 1500m, contusão por ocasião da qual nunca antes, no mundo todo!, um evento esportivo terá apresentado, ao mesmo tempo, tantos e tão solícitos massagistas.

(Recorde mundial, aliás o único, batido neste Pan do Rio).







A portenha Fernanda Lauro, acima, cujos resultados - ruins - não lhe fizeram justiça.














Thaissa Presty [acima], brasileira, respirando fundo, um pouco nervosa antes da prova...









Maureen Maggi [direita], à espera de suas medidas. (Que, mais tarde, resultariam em ouro - no que já se dava para apostar).










Lucimara Silvestre [à esquerda], do Brasil, bronze no heptatlo, embora especialistas vejam abundante potencial para dourado futuro.




O mistério das arquibancadas vazias


Faz tempo qu´insisto no inexplicável d´encontrar, dia após dia, prova após prova, arena após arena, quantidade monumental de lugares vazios nas arquibancadas, lá onde, por vezes, minoria é o público – e isto depois de terem celebrado os ingressos esgotados. (Todos)!

Mas: como assim esgotados? Todos? Quem são os tarados que compram entradas caras, disputadíssimas ademais, e simplesmente não vão aos estádios? (E nem se esforçam em revendê-los)?

Este argumento segundo o qual, do total de 1,7 milhão de ingressos [não numerados], trezentos mil foram distribuídos entre União, estado e município [mormente este último], e 30% entre patrocinadores, agências de turismo e confederações, é duma desfaçatez fabulosa, qual se não se tratassem de números absurdos – de configurar mesmo olímpico “trem da alegria” –, além d´explicar as [merecidas] vaias para o presidente da República e sobretudo a farra dos cambistas d´ocasião que, socialmente assistidos pela distribuição gratuita d´entradas [coisa de Cesar "O Generoso" Maia], vendem ingressos por preços [bem] menores que os cobrados, de origem, nas bilheterias, sem se incomodar acaso uns tantos sobrem.

Dane-se – dirão.


Sonhar não custa nada

Para Olga

O Maracanã recebe hoje a final do futebol feminino. É boa a seleção brasileira. Decerto uma entre as cinco forças do mundo, quiçá entre as três – coisa de se espantar acaso consideremos o abandono oficial sob o qual são [des]tratadas essas meninas. Do outro lado, com seu talentoso time sub-20 [composto d´atletas universitárias], os EUA – tradição pura, puríssima, no que se refere a futebol feminino.

Com perdão do maniqueísmo, insistirei nesta oposição. Peguemos as craques de cada seleção: Marta, goleadora do torneio e eleita, sem mais, a melhor do mundo, e Lauren Cheney, revelação ianque, vice-artilheira da competição e única entre as americanas a ter já defendido sua seleção principal.

Pois bem: Lauren, como supra-escrito, é universitária, assim porque, suponho, estuda, forma-se, prepara-se, em seu país natal, para um futuro além do esporte, com amplas possibilidades de igual sucesso. Marta, no entanto, tendo pouco estudado na infância-adolescência, ao mesmo tempo sem perspectivas d´êxito profissional no Brasil, tão-logo vencido o Pan de Santo Domingo, mudou-se para a Suécia, aos 17 anos, onde joga há quatro temporadas e junta dinheiro para um porvir ainda assim nebuloso fora do futebol.

Jovem ainda, Marta sonha com o dia em que poderá exercer sua carreira profissional no Brasil. Nunca, Marta – eu diria. E me ocorre se terá ela já procurado, neste campeonato brasileiro ora em curso, entre os atletas que o disputam, um rapaz – unzinho só – que lhe equivalha em talento, um craque que seja. Não o encontrará. [Obina, aviso, é hors-concours]. Estão todos na Europa, como ela. E por futuro, se lá já não estiverem, sonham com Milan, Real Madrid, Manchester, Barcelona etc., embora, acordados, prefiram jogar mil vezes na Turquia, na Ucrânia e até em Israel a trabalhar no Brasil.

Estão certos. Ou alguém dirá que não?















Propaganda do regime V


O Focca, fidélico inveterado, arrematou, por R$40 [sem pechincha], esta camisa de treino cubana [acima, à direita]. Os casacos oficiais, azuis, saem por R$100, embora os atletas insulares estejam abertos para negociar os preços e até aceitem escambo, como já aqui registrado. (Uma torcedora brasileira trocou, por exemplo, três vidros de esmalte por um boné de softbol cubano).

Apesar de não admitirem publicamente, como já fazem a respeito de qualquer outro escambo, os atletas de Cuba vendem e trocam até mesmo as medalhas pan-americanas conquistadas. À boca pequena, corre o boato de que Tiago Camilo, cuja medalha se quebrara, teria assim recuperado o seu ouro.

Mas decerto que se trata de maledicência.















Voluntários


Influenciados pelos atletas cubanos, os voluntários pan-americanos, explorados pelos organizadores [e alimentados com os mais infames pães com mortadela], invadiram a pista d´atletismo do Engenhão, organizaram suas próprias provas e já ameaçam pegar em armas e fazer a revolução.

Eles exigem presunto.

(O Focca nega qualquer participação no levante).













Mui amigas

Keila Costa e Maureen Maggi no pódio – elas se adoram...

Galã adormecido

O ator global Cauê Raymond, repousando...

Off-Pan

Redito e não dito, da B.D., no tradicional site da Casa: www.tribuneiros.com

25.7.07

Notas pan-americanas XI

O país do futebol II

O brasileiro Ivan Silva [à esquerda], sétimo na prova do decatlon, assim explicou a sua péssima colocação:

“Um dos motivos do meu resultado ruim foi essa torcida [que vaiava]. Passei praticamente a competição toda tentando justificar para os outros atletas a postura dos brasileiros. Eles estavam impressionados, ficavam me perguntando o que estava acontecendo”.

Pensei em algumas respostas ao Ivan – todas sempre a frisar qu´ele foi sétimo numa competição de nível técnico baixíssimo –, mas fiquei com a seguinte, elegante, embora franca: o motivo do seu resultado ruim, Ivan, é que você é um atleta ruim e que, sendo a vida assim mesmo, os menos ruins chegaram à sua frente.

Ele, porém, disse mais:

“Todo mundo falou tanto da organização e da segurança, mas está tudo ótimo. A única decepção é essa torcida. O Brasil nunca mais vai conseguir trazer uma grande competição por causa disso. A mentalidade do povo brasileiro tem que mudar muito para que seja realizada uma Olimpíada aqui”.

Infelizmente, Ivan, a despeito de seu puxa-saquismo para com as autoridades [que te patrocinam?], não será jamais a torcida brasileira o empecilho para que recebamos, por exemplo, uma Olimpíada – e antes fosse. São outras as mentalidades a serem mudadas – e isto bem longe das arquibancadas.

Já escrevi – Notas Pan-Americanas VI – a respeito do público vaiar atletas estrangeiros e até mesmo nacionais. Não acho bonito. Mas tampouco me incomodo ou preocupo. Antes, lembrando que o caráter do torcedor brasileiro é forjado em estádios de futebol, onde vaia é costume, insisto na questão: se não temos ainda sequer honesta consciência cidadã para investir na formação de jovens atletas olímpicos, o que dizer da formação de público torcedor para esportes outros que não o velho bretão?

(Do decatleta Ivan Silva, porque já lhe dei fama demais aqui, despeço-me – e sugiro ao leitor que faça o mesmo: como não há chance d´ele ir a Pequim, é mui provável que jamais ouçamos o seu nome de novo).

Ponto de vista diferente

Carlos Chinin [abaixo], o outro brasileiro no decatlon, levou a medalha de bronze após vencer, de maneira espetacular, a prova final dos 1500m, antes da qual era quinto colocado.

Ele achou a torcida ótima.


Sem canaleta

O Brasil conquistou a medalha de prata na categoria duplas do boliche pan-americano. Parabéns, então, para Fabio Rezende [foto abaixo] e Rodrigo Hermes, mas eu, acompanhando a disputa, jamais pensei em outra coisa senão em que já fizera centenas de strikes memoráveis [sem canaleta] nas mesmas pistas onde ora se desenrolam as competições de boliche destes jogos Pan-Americanos, lá no velho Barra Bowling do popular Barra Shopping.

Emocionei-me, óbvio.


Cambista solidário

Estão esgotados já os 88 mil ingressos oferecidos pela campanha Pan Solidário, que trocava entradas dos jogos por alimentos não-perecíveis.

O balanço oficial da campanha, com os números dos mantimentos arrecadados, ainda não foi fechado – mas os cambistas já calcularam os preços pelos quais venderão os ingressos adquiridos.

(A conta foi simples: bastou descontar o valor gasto com o quilo de feijão).


Grandes figuras do Pan – a série

Antonio Carlos Barbosa [acima], técnico de basquete e boa-praça demais, que ontem se despediu da seleção brasileira feminina, com a qual ganhou um bronze olímpico.


Turismo pan-americano

A Vila não me cansa de surpreender – e não é que possui até uma agência de viagens, leitor.

Sabendo que se trata d´empresa privada contratada pelos organizadores, serei muito ranzinza acaso pergunte se houve alguma sorte de licitação pública para a escolha?

(Registro que, a este altura, vale até cara e coroa).

Amor voluntário

O que se vê na foto ao lado é, segundo a delegação jamaicana, o “montinho do amor”. Como cada um ama como quiser, peço atenção a um detalhe da foto. E das duas uma, então: ou tem atleta usando uniforme de voluntário do Co-Rio, aquele branco com ombros e mangas coloridos, ou o voluntariado nunca terá sido tão amoroso.

De qualquer maneira, como se vê no plano geral da boate pan-americana [abaixo], não são poucos os que procuram um amor – um montinho d´ele que seja – no horário de trabalho.

Boa sorte!


Dois pesos e duas medidas II

A secretaria municipal de Fazenda fechou ontem o posto Texaco [abaixo] em frente à Vila do Pan. O estabelecimento, como todos os outros da cidade, vendia bebidas alcoólicas – mas deu o azar de fazê-lo para atletas estrangeiros.

Já discorri longamente a este propósito ontem – e assim deixo apenas um alerta aos demais postos de gasolina do Rio de Janeiro: por favor, até o final dos jogos, antes de vender cerveja etc., pergunte ao consumidor se ele é atleta pan-americano. Em caso positivo, não faça negócio. O estabelecimento pode ser interditado. Se for um cidadão comum, que paga impostos e habita este município, fique tranqüilo e venda à vontade – até mesmo armas de fogo, se desejar. Nada acontecerá.

(Nota d´esclarecimento: a Sadia não patrocina os tribuneiros).


Mandinga roqueira III

Abaixo [literalmente], a Cidade do Rock, hoje, logradouro do softbol pan-americano – mais uma vez adiado...

(Ainda está em tempo – repito – de transferir esses jogos para o Terreirão do Samba, lá onde o corpo é fechado e a [re]batida, forte).


Disputa proporcional

O grande objetivo do Brasil nestes Jogos Pan-Americanos é superar Cuba no quadro de medalhas.

(A população de Cuba é quarenta vezes menor que a do Brasil).

“O negócio é amor, o resto é conversa fiada”...

Leia, no site da Casa – http://www.tribuneiros.com/ –, Vestida de pele.

Onde está Juveninho?...

...no momento da foto de Juliana Veloso:

a) À esquerda.

b) À direita.

c) No fundo.

d) No ângulo do fotógrafo.

Juveninho e o softbol

Juveninho não gosta de tirar onda de pegador e, portanto, nada tem a dizer sobre Jennie Finch, a musa americana do softbol.

Ela, no entanto, revelou em seu blogue que está apaixonada pelo Rio de Janeiro. Desde então, o novo apelido de Juveninho na Vila do Pan é Rio de Janeiro. Já há quem chame a competição de Juveninho 2007.

Barra da Tijuca

Para quem insiste, Juveninho diz que ele e Jennie são apenas bons amigos. Acha, Jennie, que a estátua de Juveninho ficaria bem melhor que a do Cristo no Corcovado. Acha, Juveninho, que a estátua de Jennie ficaria bem melhor que a da Liberdade no New York City Center.

Enquanto isso, nos EUA...

A imprensa americana faz de tudo para importar Juveninho. Divulga até fotos do time de Jennie em ângulos favorecidos. Há quem diga que o Rio de Janeiro está de malas prontas para acompanhar o softbol ianque. Juveninho não desmente. Suspeita-se que sua decisão só virá depois das provas de nado sincronizado.

Os ciúmes de Jennie

O boato é que Jennie morre de ciúmes das gêmeas Bia e Branca da equipe brasileira. Juveninho tem sido visto de sunga para lá e para cá. Sua brincadeira predileta nas piscinas é catar pedrinha durante o treino das duas. Juveninho tem muito fôlego, mas é péssimo em catar pedrinha. Ao término do último treino, não tinha catado nenhuma.

Ele é o cara!

Delírio no Playground da Vila: Brasil 3 x 1 Argentina!

Apesar da derrota para o chinês Liu Song, argentino assumido, Hugo Hoyama deu a volta por cima e bateu Tabachnik por 3 sets a 2, garantindo a vitória por equipe e o recorde brasileiro individual de ouros em Pans: 9 medalhas para Hoyama - uma a mais que Gustavo Borges.

Com cerca de 180 Pans disputados, há indícios evidentes - sobretudo nos olhos - de que adversários e companheiros de equipe de Hoyama sejam seus filhos, netos e bisnetos. É uma das lendas que correm soltas na Boate da Vila. Hoyama, aliás, é o único do Playground que não é barrado na porta.





Chris Tucker e Jackie Chan

Em breve, nos cinemas brasileiros, "Rush Hour 17: The Golden Medals". Aguarde.

24.7.07

Império Serrano, universal

Leitor, olha que grande figura este gringo, de quem, infelizmente, não sei o nome.

Com todas as dificuldades do idioma, ele toca e canta - honestamente - o samba-enredo do Império Serrano para 1972, "Alô, alô, taí Carmem Miranda", de Heitor Achiles, Maneco e Wilson Diabo, com o qual a escola ganhou seu oitavo e penúltimo carnaval.

Eu, que d´início ri do vídeo, por fim, sempre rindo (porque é engraçado mesmo), emocionei-me - porquanto e felizmente não se expliquem todas as emoções.

Cante com ele:

"Uma pequena notável
Cantou muito samba
É motivo de carnaval
Pandeiro, camisa listrada
Tornou a baiana internacional
Seu nome corria chão
Na boca de toda gente

Que grilo é esse?
Vou embarcar nessa onda
É o Império Serrano que canta
Dando uma de Carmem Miranda
Que grilo é esse?
Vou embarcar nessa onda
É o Império Serrano que canta
Dando uma de Carmem Miranda

Cai, cai, cai, cai
Quem mandou escorregar?
Cai, cai, cai, cai, eu não vou te levantar
Cai, cai, cai, cai
Quem mandou escorregar?
Cai, cai, cai, cai, eu não vou te levantar, ôba"

Ouro de tolo

Este é o judoca Tiago Camilo e aquela, sua medalha de ouro pan-americana, como se vê, d´excelente qualidade.

Notas pan-americanas X

Castelo de cera?

É impressão minha ou o chatíssimo Bernardinho está acuado?

Fogo de palha?

O que acontece quando a chama pan-americana se apaga?

(São tantas perguntas)...


Quinze minutos de surra

Marcelo Zulu [à esquerda], ex-BBB e dublê de atleta pan-americano, duramente castigado – e eliminado – na competição de luta olímpica.

Às vezes, já dizia Andy Warhol, nada pode ser melhor qu´o anonimato.




Saúde

Ameaçado pelas opções pouco saudáveis oferecidas pela lanchonete da Vila Pan-Americana – basicamente hamburger e cachorro-quente –, o velocista yankee Rubin William viu-se na obrigação de procurar alternativas gastronômicas exteriores mais nutritivas e, como se vê na foto, resolveu-se na pizza.

É isso aí!


Dois pesos e duas medidas

Oficialmente, o leitor talvez não saiba, a venda de bebidas alcoólicas é proibida em postos de gasolinas sitos a esta cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro. (Decreto municipal 17.781, de 29 de julho de 1999). Todo mundo sabe, porém, qu´exceção é posto que não as venda – e de toda sorte.

Estabeleceu-se, como de hábito neste país, um acordo tácito entre comerciantes e fiscais da prefeitura – qual seja: esses últimos não interferirão na venda de bebidas alcoólicas desde que os primeiros as impeçam de ser consumidas nos postos. Mal ou bem, a coisa funciona, e sobretudo porque sempre se pôde dar um gole ou outro enquanto se abasteciam os tanques...

Problemas, acordos, soluções, jeitinhos, goles, ora, tudo apanágio dos cidadãos comuns, gentes menores, que não são atletas internacionais e tampouco disputam, sob holofotes mil, o altamente politizado Pan do Rio de Janeiro. Porque quando a coisa afinal resvala na “Família Pan-Americana”... Aí, leitor, aí vê-se quem é quem. O prefeito, por exemplo.

Existe um posto Texaco diante da Vila. E faz tempo – isso, claro, bem antes de tijolo de Pan ali haver. Este posto sempre vendeu bebida. (E continuará a fazê-lo tão-logo o circo se vá). A questão é que, com o fechamento da boate pan-americana, às 23h, os atletas boêmios migram para lá e seguem a bebedeira d´entorpecer paqueras e tratos outros. Ou melhor: migravam, bebiam, paqueravam etc.. Agora, não mais. Não lá. Cesar “O Generoso” Maia proibiu, embora a enérgica atitude do alcaide nada tenha a ver com a lei. (Apesar de se valer d´ela, evidente). Ele proibiu a farra por medo – medo político, se me explico –, senão leiamos a justificativa do prefeito, um deboche para com o cidadão habitante desta cidade:

“Os atletas ficam muito expostos, sem segurança. Já imaginou se aparece um maluco qualquer e resolve fazer um seqüestro-relâmpago? Não podemos relaxar”.

Mandinga roqueira II

Esta é a última nota sobre beisebol, softbol e bobagens pan-americanas outras. E a escrevo curta. Deixo que as imagens falem por mim. Concordo que tem chovido um pouco, ventado bastante e tal. A cidade, porém, palco habitual para o brilho dos fenômenos naturais como artistas do caos urbano, resiste bem. Surpreendentemente bem. Felizmente bem.

A não ser pela Cidade do Rock, lá onde vai enterrado – com certeza, insisto – um sapo que, pobre!, terá sofrido em vida...

Uma reza não lhe seria indevida.


É do Brasiiiilllll!!!!!

Fabiana Murer [abaixo], ouro na única competição olímpica que realmente interessa: o salto com vara.

Propaganda do regime VI

Eles [abaixo] são, é claro, cubanos. Carregam nas sacolas toda sorte de produtos, mormente eletrônicos, com os quais possam fazer algum dinheiro no mercado negro insular.

Aqui no Brasil, no entanto, aceitam variadas formas de escambo e trocam, por exemplo, agasalhos oficiais completos da delegação fidélica por três pares de Havaianas, embora peçam, d´início, cinco. Há quem tenha feito negócio com dois pares, porquanto coloridos. (Mas não conto que foi o Focca).


Inglês?

Não sou chato com essas coisas, não. (Já o fui). Mas custava qu´os placares do Engenhão funcionassem em português?

Ao torcedor brasileiro, que já não entende muito d´atletismo, quanto mais com várias provas simultâneas, fica difícil acompanhar as disputas assim...


Ticketronic no banco dos réus

Eu não me canso de escrever: a vergonha deste Pan – já insuperável – é o sistema de venda d´ingressos pela internet. A Ticketronic, cujo processo d´escolha para tamanha responsabilidade segue nebuloso, escarnece dos torcedores sob variadas e criativas combinações d´incompetência e picaretagem – e não necessariamente nesta ordem. São bilhetes comprados que jamais chegam ao destino consumidor, embora outros tantos morram nas mãos de cambistas um tanto assim resignados, assentos vendidos para mais de uma pessoa, ingressos com datas e horários equivocadamente impressos etc..

A Ticketronic não está nem aí – como se diz. Ou não estava... Ela apostava e se fiava na impunidade, naquilo, essencialmente brasileiro, de que o Pan acabaria e o tempo, dos mais curtos, traria o esquecimento, estimulado por barbáries tantas outras. Ocorre que os jogos estão em pleno curso e já há quem recorra à justiça – e ganhe, leitor.

É o caso do estudante de direito Rafael Garcia Rodrigues dos Santos. Ele obteve uma liminar e assegurou os ingressos comprados para competições ainda não realizadas. A propósito, porém, daquelas provas que perdeu, paralelamente, Rafael move processo indenizatório e pede, por ressarcimento, o dobro do valor pago para cada bilhete, além de R$40 mil a título de danos morais.

Rafael é o grande torcedor deste Pan até aqui.

É do Brasiiiilllll!!!!! [2]

Joana Costa, também atleta do salto com vara, não precisou disputar a competição do bumbum pan-americano, vencido, com facilidade, pelo time B do Brasil.

Homenagem tribuneira

Esta [abaixo] é Janeth, craque do basquete mundial, que hoje se despede – com todas as glórias – da seleção brasileira.

Mãos ao alto

A organização esqueceu-se dos mastros onde deveriam ser hasteadas as bandeiras dos países medalhistas nas competições de esqui e wakeboard, à Lagoa.

Mas logo se deu jeitinho: sovacos ao alto, bandeiras idem.

Leia

Vestida de pele, no site da Casa – http://www.tribuneiros.com/ –, porque o Pan não tem importância alguma.