31.8.07

A culpa é da SuperVia

Excesso de horas trabalhadas pelos ferroviários - economia porca.

Falta de manutenção adequeda e perene nos trilhos e nos equipamentos de sinalização e segurança - economia porca.

Resultado do conjunto: economia assassina...

Culpado secundário - mas não menos importante: o governo do estado, os governos estaduais, todos eles!, que, não compreendendo ainda o espírito público das concessões privadas e o papel fiscalizador fundamental de quem concede, simplesmente entregam, abrem mão, largam e um abraço!, como que [e sobretudo] a transferir responsabilidade e se livrar do problema, dum problema que, porém, cedo ou tarde, bate à porta ou, como ontem, faz baterem, de frente, dois trens lotados.

29.8.07

Anísio e Capitão Guimarães [foto] voltam para a prisão

Ótimo.

Mas desde quando esta é uma informação carnavalesca, boa gente de O Dia? Lugar de bandido é mesmo na cadeia, ok, mas o desta notícia é - atenção, atenção! - exclusivamente o caderno policial.

Oscar Maroni, prefeito de São Paulo

Ele é dono do Oscar´s Hotel e da, bem, boate Bahamas, ambos empreendimentos sitos à capital paulista. Detido, em 14 de agosto, por favorecimento e exploração da prostituição, formação de quadrilha e tráfico de pessoas, ele se considera, entretanto, um preso político e, segundo seu advogado, já teria pedido asilo a Noruega, Dinamarca, Suécia, Holanda, Alemanha, Canadá, EUA e Uruguai, nações que bem receberam a demanda, embora devam, qual a praxe, aguardar o pronunciamento da ONU a respeito.

De acordo ainda com seu advogado, doutor Daniel Majzoub, o desejo de Maroni, porém, não é deixar o país, mas, sim, candidatar-se a prefeito de São Paulo e enfrentar o atual alcaide, Gilberto Kassab, em debate público.

Se propuser, mesmo que também para benefício e anistia próprios, a legalização da prostituição, terá o voto do Focca.

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Leia Obrigado, Fulano de Tal, lá no tradicional site da Casa, e compreenda o que é gratidão.

27.8.07

O beijoqueiro do século XXI


Sumido desde os Jogos Pan-Americanos, o velho Beijoqueiro reapareceu ontem no Maracanã e beijou o artilheiro rubro-negro Obina [foto acima].

(Queria vê-lo invadir, por exemplo, os boxes da Fórmula-1 e beijar o Nelson Piquet). (Felipe Massa)? (Sei lá, posso estar errado, mas algo me diz que seria moleza)...

24.8.07

Ouçam Drummond...

"Não tenho escrito poesia. Não sinto vontade de escrever. Já escrevi demais. Fiz mais de quarenta livros. É uma quantidade bastante apreciável. Agora, já é o momento de deixar o trabalho e ficar assistindo aos novos que vão aparecendo, vão se manifestando e vão despertando interesse".

(Carlos Drummond de Andrade em longa e rica entrevista ao jornalista Geneton Moraes Neto [1987], faz pouco reeditada, mui belamente aliás, pela Editora Globo, sob o título Dossiê Drummond).

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Ou seja, boníssima gente da antiga: escutem Drummond e, na moral, abram alas qu´agora é nossa vez...

Não entendeu ainda, leitor?

Conheça, então, A esquecida tradição da árvore senil, no "Arquivo de textos" do site da Casa. Drummond é tribuneiro...

23.8.07

Vovô não precisa de viagra

Na terceira idade, leitor, potência é isto.

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Mentira! Mentira!

Em qualquer idade, para qualquer idade, à vera, potência mesmo é a bateria do Império Serrano, do raríssimo Mestre Átila [porque ainda há esperança para o carnaval], entrevistado do Leonardo Bruno no excelente blogue Roda de Samba, do Extra Online.

Cada um com o craque que merece...

O desqualificado técnico da seleção brasileira de futebol, outrora volante medíocre, foi escalado pelos internautas leitores do Globo Online para o meio-campo do melhor Vasco da Gama de todos os tempos... E isto em detrimento do grande Danilo Alvim, o "Príncipe", médio do escrete [claro, com perdão da redundância...] vice-campeão mundial na Copa de 1950. (Algo como se o Flamengo barrasse Carlinhos e Dequinha para escalar, sei lá, Mancuso ou, mais próximo, Clayton).

E se é, afinal, para atualizar os parâmetros, lamento então a profunda injustiça que se faz com este supercraque Perdigão, o sansão vascaíno, que joga muito mais bola que Dunga jamais sonhou.

(Em tempo: o atual treinador da seleção, na foto, de pé, o terceiro da direira para a esquerda, jogou no Vasco em 1987).

Aula Magna de gratidão














O satisfeito Governador Sergio Cabral [na foto, ao lado do benemerente Ronald Levinsohn, o reitor] ministrou ontem Aula Magna na UniverCidade, lá onde se formou jornalista, fará já tempo, e onde fez desfilar, para platéia de quinhentos estudantes e puxa-sacos do senhor todo-poderoso reitor [patrono também do jornalismo carioca], barbáries de seu conhecimento histórico, pechinchas como esta segundo a qual Getúlio Vargas se teria suicidado com tiro na cabeça, reconhecendo e retribuindo assim - bem à altura do ensino oferecido pela instituição - os serviços prestados pela UniverCidade e por Levinsohn a ele e à comunidade fluminense.

(Se eu fosse maldoso, bem, escreveria que há caroço neste angu).

22.8.07

Sempre há gente pior... (Ou será a esperança)?

Deu no portal de notícias G1 - "Anão britânico fica com o pênis preso num aspirador":

Um anão que costuma se apresentar no Festival de Artes de Edimburgo teve de ser levado às pressas para o hospital, depois que seu pênis ficou preso num aspirador durante uma de suas performances.

Daniel Blackner, conhecido como "Capitão Dan, o Anão Demônio", tinha de se apresentar num dos espetáculos organizados pelo festival chamado "Circo de Horrores", que é conhecido por suas apresentações fora do comum.

A parte principal da performance consistia na aparição de Dan no palco com um aspirador preso ao seu membro através de uma espécie de engate.

No entanto, o dispositivo quebrou antes da apresentação e Blackner tentou consertá-lo usando uma super-cola. O problema foi que ele só deixou secar por 20 segundos, em vez dos 20 minutos necessários, e em seguida colocou a peça em seu órgão.

O resultado final foi uma colagem firme, risadas, pavor na platéia e a hospitalização do Capitão Dan."Foi o momento mais embaraçoso da minha vida. Fui removido de maca com um aspirador preso no meu corpo" disse Blackner.

"Eu só queria desaparecer da face da Terra. Por sorte, fui atendido prontamente, por isso a vergonha passou rapidamente", concluiu.

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Se você, leitor tribuneiro, está infeliz e sem perspectivas, acomodado no serviço, considerando sua vida, nos dias de maior otimismo, medíocre, aquele sexo burocrático etc., antes pense bem: há quem esteja pior. Não?

Se, porém, o aspirador de pó lhe despertou algum interesse, bom, aí... Cuidado apenas com a cola. É a sugestão da Casa, sem preconceitos e pela felicidade indiscriminada.

21.8.07

Ele odeia e sempre odiou futebol

Este homem, ex-jogador medíocre, é treinador da seleção brasileira de futebol, cinco vezes campeã do mundo sob craques como Pelé, Garrincha, Didi, Gérson, Rivelino, Tostão, Romário, Ronaldo, Ronaldinho Gaúcho e Kaká - estes dois últimos, os únicos ainda em atividade, escalados, a título de castigo [vingança mesmo], na reserva para o amistoso desta quarta, na França, contra a Argélia [!?!?].
Jogassem ainda os demais - jogasse Pelé! - e não lhes seria outro o destino. Dunga despreza o talento, qu´inveja e pune.

Punidos somos nós também, senão listemos o meio-campo titular da seleção para o duríssimo match: Mineiro, Josué, Elano e Julio Batista... Seria triunfo exclusivo da imbecilidade, leitor, não fosse o placar do coletivo - 2x0 para os reservas -, que faz casar à imbecilidade a teimosia.

O novo disco de Arlindo Cruz

O grande Leandro Sapucahy, produtor do novo disco d´Arlindo Cruz, ao lado deste [em quem, atenção-atenção!, os imperianos estão d´olho...] e de Zeca Pagodinho, num intervalo de gravação.

Quem já ouviu a seleção dos sambas e as bases registradas garante que vem aí um disco destinado a ser clássico.

O leitor pode me cobrar.

Sem-teto se acorrentam em São Paulo

Olha o preconceito, leitor!

Trabalhadores sem terra ou teto também têm direito a fetiche.

20.8.07

E a vida já-já volta ao normal...

O Ministro Tarso Genro, da Justiça, informa que entre 700 e 1.300 integrantes da Força Nacional de Segurança serão mantidos no Rio de Janeiro mesmo com o fim do Pan.

A diferença de 600 agentes talvez seja irrisória para o senhor ministro, que não mora no Rio e nos faz um favor [assim crê], mas ao cidadão carioca [este miserável!] deve muito interessar - e isto sobretudo porque, não tenha dúvida, leitor, ficaremos com o contingente mínimo, se não ainda menor, este a ser, eu apostaria o Focca, progressivamente reduzido.

Ou terá alguém já visto maquiagem que resista para sempre?

Extra, extra, extra: Chico Buarque é um cidadão como você, leitor...

Informa o site Globo.com:

"Chico entra na fila para estréia no Rio de Janeiro".

E por que não entraria? E desde quando isto é manchete? Notícia seria se a furasse, não? Não... Claro que não.

É qu´aqui neste país virou coisa excepcional celebridade agir como gente. E tanto mais célebre será quanto mais mal-educado for. (O resto é jornalismo medíocre)...

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Leia Bruna Demaison e seja feliz - lá no site da Casa.

17.8.07

Homenagem ao leitor desconhecido

Estamos prestes a completar dois meses de vida blogueira. Nada mais justo, então, que homenagear os leitores tribuneiros desconhecidos, os anônimos, aqueles que nos visitam sempre, que nos lêem diariamente, mas que não comentam jamais... Não importa!
Não lhes conhecemos os nomes, mas sabemos que vêm de São Lourenço da Mata (PE), de Pedra Azul (MG), de Nova York (EUA), de Luís Alves (SC), de São Luís (MA), de Los Angeles (EUA), de Mata (BA), de Paris (FRA), de Belém (PA), de Rio Branco (AC), de Frankfurt (ALE), de Palmas (TO) e de Nassau (Bahamas), entre várias outras cidades do Brasil e do mundo.

A eles também, muito obrigado!

Perestroika, né?

Este [à esquerda, claro] é Mikhail Gorbatchev, leitor tribuneiro, ex-presidente da URSS, hoje garoto-propaganda da irresistível Louis Vuitton.

Ao fundo, vê-se o Muro de Berlim.

(Não manjo muito de fotografia - mas avento se não estaria contido neste enquadramento quase que o mundo inteiro de hoje)?

Para quem tem Maxi, Somália é fome...

Da tradicional série Ditados Infames.

(A homenagem tribuneira ao leitor Marcos Castro, grande tricolor).

16.8.07

Império Serrano, universal [2]

Eles são japoneses, cantor e ritmistas, e estão no Japão, o que não os impede de cantar e tocar - com dignidade - o samba-enredo do Império para o último carnaval, o de 2007...

Sim, fomos rebaixados - mas quem dirá qu´isto importa? Especial é o grupo em que estiver o Império Serrano.

Alô, Impérrrio! Quem chora, não se esqueça, é o cavaco...

(A propósito, é impressão minha ou esta bateria está melhor que a da Portela)?

Prado Júnior [Não é para o Focca II]

Aproveitamos qu´ontem foi aniversário deste templo da cultura carioca, a nunca assaz louvada boate Barbarella, para, sempre refletindo, meditando, homenagear também a Avenida Prado Júnior, incontornável centro intelectual formador de cidadãos, com tantos e tantos serviços prestados à comunidade, sito a Copacabana, porque, noves fora o preconceito, até a "Princesinha do Mar" tem e precisa de seus recantos de filosofia e humanidade.

E como esta Casa às vezes ataca de historiadora, respondemos - ainda que não perguntados - que Antonio Prado Júnior [1880-1955], paulista, engenheiro por formação, foi prefeito do Rio de Janeiro, então Distrito Federal, durante a presidência de Washington Luis, entre 1926 e 30, e que foi sob sua gestão que se deu o Plano Agache [desenvolvido pelo francês Alfred Hubert Donat Agache], estudo urbano qu´estimulou engenheiros e arquitetos a pensar soluções harmônicas para o crescimento ordenado da cidade, sempre de maneira a lhe realçar a beleza natural.

Cabe então fazer, como se fala, um link para o presente...

Não seria ora necessário [urgente, melhor dizendo] criticar o alcaide Cesar "O Generoso" Maia por desconhecer a contribuição de Antonio Prado Júnior e de monsieur Agache ao Rio de Janeiro, não nos tivesse legado ele, por modelo d´arquiteto e urbanista - e parece que para sempre - o Sr. Luiz Paulo Conde. (E alguém dirá, mesmo desconhecendo o passado, que não pioramos)?

Pobre São Sebastião do Rio de Janeiro.

(E pobre do Pim, leitor tribuneiro, senão vejamos, lá no site da Casa, esta Crônica de enfermidade).

15.8.07

Andreazza, sim, mas o ministro...

O velho Mario Andreazza com sua Liliana, avô e avó deste que cá vos escreve.

14.8.07

Ah, o Engenhão... [2]

Os muros do Engenhão simplesmente caem... É isso. Ao bastar duma brisa: caem. E não sou eu sozinho o tarado que nisto se insiste. O Crea-RJ [Conselho Regional de Engenharia e Arquitetura], que vem de vistoriar o Estádio Olímpico João Havelange, alerta para o perigo de novos desabamentos, risco mais qu´evidente, para além dos muros tombados, em infiltrações de teto e rampas d´acesso rachadas, isto sem falar no sem-fim de pedras soltas, como se natural fosse qu´uma construção moderna - e caríssima! - se erguesse por encaixe... (Desconhecerão o cimento, a argamassa, os experientes empreiteiros da OAS e da Odebrecht)?

A julgar, porém, os outros por si, qual se todo mundo vivesse d´olho em conquistas eleitorais e agrados populistas, com deboche de realçar a pegada privada qu´imprime à administração pública, assim reage aos fatos o alcaide Cesar "O Generoso" Maia, o responsável maior: "Bobagens superficiais. O Crea-RJ sempre gosta de aparecer. Não perde uma chance”.

Pobre São Sebastião do Rio de Janeiro.

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Leia Felipe Moura Brasil e seu engenhoso Zequinha, lá no não menos moleque site da Casa...

13.8.07

Ah, o Engenhão...

Não foi um furacão, mas um vento de 64 km/h. O efeito, porém, foi o mesmo, como se vê neste muro, tombado no sábado último, na ala leste do Estádio Olímpico João Havelange, o popular Engenhão. (Nota: estruturas desta ordem deveriam ser capazes de resistir - sem espirro - a ventos de até 120 km/h).

Não é a primeira vez que um muro cai por lá. Não faz vinte dias, de forma semelhante, embora então sob portentosos ventos de 40 km/h [!?!?!?], quedou-se um do lado oposto, próximo à estação de trem. Tudo mui esperado...

Erguidas às pressas, com material de qualidade vagabunda e sem o devido reforço, as construções periféricas do Engenhão representam irretocavelmente o estilo maquiado de gestão do alcaide Cesar "O Generoso" Maia, este ardiloso inimigo da cidade.

Morro da Providência

O texto de João Paulo Duarte, Conto da Providência, publicado no site da Casa, enseja alguns comentários sobre o Morro da Favela [acima, foto dos anos de 1960], nome d´origem, ainda do século XIX, para o mais popularmente conhecido Morro da Providência, talvez a primeira favela do Rio de Janeiro. (Oficialmente: é).

Do nome de batismo, porém, ora importa que se fez alcunha geral para comunidades pobres, talvez pela localização central do morro no Rio de Janeiro, e que hoje favela é um substantivo - comum, muito comum - a que vamos longamente habituados...

Como bem situa a prosa do J.P., o primeiro núcleo habitante da Providência tem origem nos ex-combatentes de Canudos, enganados ou desencorajados pela burocracia [safadeza, má-fé etc.] do poder público, que prometera – para descumprir em seguida, claro – alojar na capital os cerca de dez mil soldados republicanos desmobilizados pelo fim da guerra. Eram então fins do século XIX... (Algumas tradições, no que se refere aos governantes, têm força de permanência a toda prova, não é mesmo)?














Sem solução oficial, os soldados fizeram abrigo nas encostas do morro, que logo nomearam Favela, mesmo nome da pedreira onde acamparam na região conflagrada de Canudos, e lá ficaram, como ainda hoje, vê-se, entre esquecidos e negligenciados.

Embora possua comunidade nordestina crescente, a população da Providência é ainda em grande parte negra, descendente dos primeiros moradores da favela.

É sito em área muito pouco conhecida dos cariocas [ou será um ponto-cego?], aquele vasto espaço, progressiva e lamentavelmente degradado pelo descaso da municipalidade, atrás da Central do Brasil, zona essencialmente portuária, a “Pequena África de Oxum”, outrora sambista e boêmia [embora haja um movimento, tímido ainda, para revitalizá-la como tal], qu´engloba parte do Caju, passa pelo Santo Cristo, pela Saúde e pela Gamboa, até tocar o Centro. Pela localização estratégica, mui perto da Rodoviária e da Central, é ponto disputadíssimo pelo tráfico de drogas.

A Providência, no entanto, porque ainda há quem resista sem armas, é também berço da valente Agremiação Recreativista Escola de Samba Vizinha Faladeira, campeã do carnaval de 1937, agremiação encolhida, é verdade, hoje na terceira divisão, mas de pé, lutando, desfilando, d´estandarte altivo e orgulhoso, apesar da lógica [bandida] das superescolas de samba S/A, que agora pontificam, curiosamente, ali bem próximas, poderosas, na monumental e inatingível Cidade do Samba.

Leia o Conto da Providência, de João Paulo Duarte, no fabuloso site da Casa.

9.8.07

Carros alegóricos d´agremiações ligadas ao jogo do bicho são apreendidos no Sambódromo

Já era hora desses contraventores do samba terem interditadas as suas alegorias de carnaval.

(Aplausos para a Liesa por esta séria e enérgica iniciativa).

Sugestão d´excepcional leitura

Escreverei a respeito, em breve, lá no site da Casa. Mas devo, desde já, sugerir ao leitor tribuneiro a extraordinária [e indigesta] reportagem - O Massacre - do referencial jornalista Eric Nepomuceno [Ed. Planeta] sobre a bárbara chacina, verdadeira matança, de Eldorado dos Carajás, no Pará, impune há mais de dez anos.

O enredo da carnificina é velho conhecido no Brasil - e se dá diariamente, hoje como há cem anos, embora nem sempre sobre um mar de sangue: a posse da terra, o uso do solo, o latifúndio sem fim, com prejuízo incondicional para os lavradores pobres e despossuídos, assim achacados, humilhados, explorados, normalmente torturados, com freqüência "apagados" e às vezes, como às margens da movimentada rodovia PA-150, distante curtos quilômetros de Eldorado dos Carajás, assassinados em grupo, a sangue-frio, por policiais militares, agentes da lei!, antes, muito antes, a serviço d´interesses privados, sob o mais absoluto silêncio, estimulados pelos governantes.

Respeitem o Império Serrano...










Pois sempre há quem olhe por ele. Sempre.

(Foto da última alegoria da escola, a dos baluartes, no desfile de 2006, "O Império do Divino").

8.8.07

Se a moda pega...

O levantador Ricardinho [sobre a bola], cortado da seleção brasileira, conversa com o técnico Bernardinho. Atraso na reapresentação do elenco teria sido a gota d´água para o afastamento do atleta.

7.8.07

O discreto charme da prostituição francesa

Esta, acima, é uma rua do quartier Perrache, em Lyon, bairro "quente" da capital do Rhône-Alpes. Em destaque, à luz de velas, Messalina, sob saia quase-cinto, aguarda, de portas abertas, claro, em confortável e adaptada caminhonete - esta, também, patrimônio privado da moça -, o visitante seguinte. (Ao fundo, nota-se duas outras vans, a mais próxima, de porta fechada, a se indicar em tempo de labuta).

Na França, com estardalhaço, as autoridades se gabam de ter erradicado a prostituição das ruas. Tecnicamente, vê-se, ninguém dirá que não. Coisas d´alta civilização.

"Com a minha opinião, com a sua opinião se faz um Bankline"...

O ministro Ilmo. Sr. Gilberto Gil Moreira excursiona pela Europa, de licença [ou serão férias remuneradas?], adapta canções para uso comercial d´instituições financeiras [ler o verso que dá título a este post], com o que $sorri$ largo etc., enquanto no Brasil, pátria amada, salve!, salve!, os principais equipamentos [termo herdado da moda pan-americana] de seu Ministério da Cultura vêm só agora de sair, e arrastados..., de greve longa, quase setenta dias, durante os quais mofaram, além dos espaços cênicos da Funarte, os museus Histórico Nacional, da República, de Belas Artes, Castro Maya, Villa-Lobos, Paço Imperial e, óbvio, a Biblioteca Nacional, cujo acervo, riquíssimo, já de hábito abandonado, decerto qu´apodreceu um bocado mais, trancado e sem cuidados ao úmido de dois meses e meio.

A suspensão [suspensão, hein!] da greve dos servidores da Cultura, porém, não durará mais que dez dias acaso o Ministério do Planejamento descumpra a promessa d´apresentar, neste prazo, contraposta – com plano de carreira para os funcionários – ao menos razoável, o que o movimento grevista, escolado, considera improvável.

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Leia no site da Casa – http://www.tribuneiros.com/Quase memória, porque alguns domingos conseguem ser ainda piores....

6.8.07

E o espírito esportivo, minha gente?

Este solitário torcedor do carrossel botafoguense, desesperado pela perda [era questão de tempo] da liderança no Campeonato Brasileiro e esquecido pela kombi que levava seus pares todos [uma van cheia, na verdade], saca da pistola e tenta atingir os bambis do Morumbi, os novos líderes.

(E já não seria hora de o hábito lhe ter ensinado a lidar honradamente com a solidão e sobretudo com a derrota)?

3.8.07

Honra e glória do ensino superior no Brasil

Ora homenageamos a Universidade de São Paulo, na figura da tradicional faculdade de Direito, no Largo São Francisco [edifício ao redor do qual, pode-se dizer, a cidade nasceu e, diz-se também, cresceu], pois que vem a USP de se classificar, entre as quinhentas melhores universidades do mundo, na centésima trigésima posição, atrás de Cingapura, paciência, mas, vibremos!, pátria amada, vibremos!, à frente das instituições d´ensino superior argentinas, todas elas.

(O ranking, registro, divulgado desde 2004, é estabelecido pelo Institute of Higher Education, da Universidade de Xangai).

A UFRJ, valente!, logrou situar-se entre as quatrocentas melhores - assim porque leva [com mérito] a menção honrosa tribuneira.

Império Serrano 2008

Taí, eu fiz tudo pra você gostar de mim

Sinopse do enredo:

No ano em que comemora 60 anos de existência, o Império Serrano leva para a avenida a trajetória de Carmem Miranda, artista que tanto nos encantou. Nestes anos de glórias, de lutas e sobretudo de muita resistência, o Império sempre se manteve ligado aos temas que contam a história do Brasil.

A própria história da nossa verde e branco, nascida em pleno contexto da redemocratização do país, é um grito de liberdade, palavra imperiosa na sua conta, de escola de samba sem “dono”, aguerrida e elegante, sabedora do seu papel na história do samba e consciente de seu lugar e posição na cultura do nosso país.

E taí Carmem Miranda, que fez tudo para que gostassem dela e conseguiu. Caiu no gosto popular quando o rádio ainda engatinhava... Ela acertou em cheio. Carmem interpretou canções que pareciam complementar uma necessidade, já que preenchiam um espaço lúdico e vital que o povo brasileiro trazia consigo e sua arte trouxe à superfície.

Com seu apelo sensual, sua espontaneidade adquirida na vivência das ruas do centro do Rio de Janeiro, a voz de Carmem parecia portar a sua própria imagem, um fenômeno explosivo que “bombou” nas ondas do rádio e a tornou a primeira cantora campeã de vendas de discos no Brasil.

Aos vinte anos já despontava sua estrela. Carmem firmou um repertório que se tornaria referência nacional. Foram canções que se fixaram no imaginário do brasileiro e são recorrentes nos nossos motivos de festa, de tristezas, de deboche e de exaltação, canções sem as quais o Brasil teria incompleta sua identidade.

A figura da baiana definitivamente associada à imagem de um Brasil ideal para uns ou pouco provável para outros, tornou-se uma marca. Marca de exportação em que Carmem imprime uma visão da Bahia, com o auxílio luxuoso de Dorival Caymmi, e a formatação carioca que ela soube muito bem desenvolver, ganhando o mundo.

Mundo que se temperou como ela descreve com suas próprias palavras: “Vou botar tempero no gosto e no ‘gôto’ daquela boa gente (...) Nos meus números não vai faltar nada: canela, pimenta, dendê, cominho (...).Vou levando vatapá, caruru, mungunzá, balangandãs, acarajé (...)”.

E não contente com isso, Carmem cutuca: “E vão comigo seis baianas repenicadas, isto é, vou levar seis fantasias representando a gente do Bonfim... Mandei caprichar nesses trajes da nossa terra. Tenho feito tudo para que a música e a baiana sejam uma bomba por aquelas bandas.”

Carmem salta para outra esfera, o cinema americano, o mercado mundial, a política da boa vizinhança, dólares, dores, fama, solidão. Pagou um preço, mas não arredou o pé, seguiu em frente com um profissionalismo inegável sacolejando sempre nossos balangandãs e legitimando o “ samba” como música nacional, recebendo o merecido título de Embaixatriz do Samba.

E, em matéria de samba, o Império Serrano é soberano. Sempre irradiando canções, verdadeiras pérolas, patrimônio nosso que atravessa o tempo e se perpetua assim como as canções que Carmem Miranda eternizou. Daí o elo inevitável de duas forças que se complementam no cenário artístico nacional.

Império Serrano e Carmem Miranda, mais uma vez unidos, caminhando contra o vento dos modismos, a favor da beleza e das coisas genuínas, escrevendo mais uma página da história, elevando a alegria que alegoriza a vida e personagens decorrentes. Acenando para a estrela que ela sempre foi e será, pleiteando agora que seu brilho possa refletir mais uma vez na coroa de nossa bandeira, que tanto anseia por brilhar novamente, voltando ao lugar merecido no podium do mundo chamado samba.

(Carnavalescos: Marcia Lávia e Renato Lage).

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Agora é minha vez...

O Império Serrano já cantou Carmem Miranda num seu desfile, o de 1972, e não à toa, leitor, pois que o venceu. Foi campeão. Ganhou o carnaval - repito, e tampouco à toa: esta é, a meu ver, informação fundamental, peça-chave [revolucionária] de qu´a escola precisa ter exata noção e explorar, mexendo nos brios do imperiano, chamando-o próximo, lembrando-o e aos demais, àqueles que duvidam, que fazem pouco, qual é a vocação inequívoca do Império Serrano: vencer.

Gosto da reedição deste enredo. Gosto da nova leitura que a escola fará da grande personagem e, sobretudo, da decisão de não levar o samba original pr´avenida. Valorizemos, sim, a nossa ala de compositores. (E o Sr. Arlindo Cruz, cadê?, apresentará um samba-enredo ao menos decente para 2008 - ou, estrela que é, não perderá tempo compondo pro Grupo de Acesso, antes preocupado que sempre está com os sambas da Grande Rio, da Portela, da Vila etc.)? Acho qu´esta sinopse, sem frescuras, reúne as pistas, as sugestões, as sementes criativas, livres, para o nascimento dum belo samba – isto que é, sem favor, a tradição maior da escola: os sambas imortais.

Vou deixar bem claro aqui, duma vez, como encaro a escolha deste enredo, asseverando, porém, que não o compreendo simplesmente como tema interessante, rico, do qual, ademais, a escola é íntima. Não. O tema é interessante, claro, mas quanto mais será se o Império desenvolvê-lo valorizando intimidade outra, quase esquecida, a intimidade que ora interessa – e que Carmem Miranda, aí sim, enseja: a intimidade das vitórias, dos títulos, de Madureira em festa outra vez, a intimidade que o Império Serrano possui naturalmente, nove vezes campeão que é, com as glórias do carnaval. O resto é conversa fiada e coisa pouca.

Carmem Miranda foi morar nos EUA. Sofreu, sim. Muito. Mas venceu. Sempre soube qu´aquele não era seu mundo. Insistiu, porém. Dedicou-se a ele. Respeitou-o. Enriqueceu-o. Um dia, com força e presença, voltou ao Brasil, ao seu lugar, aos seus, onde sempre teve lugar – e sem favor: conquistou-o, construiu-o com talento e trabalho.

E o Império Serrano com isso?

O Império, de sua parte - e sem ser vítima, senão de péssimos dirigentes -, já sofreu muito também, como sofreram [e sofrem] os seus. Basta! Não terá chegado já a hora de vencer? Respeitando o Grupo de Acesso, dedicando-se a ele com a força máxima, não será tempo de voltar ao Especial, o lugar do Império, e lá brilhar, de vez, pra sempre, ocupando, “consciente de seu papel na história do samba e de sua posição na cultura do nosso país”, o seu espaço e o fazendo – se "donos", felizmente, não temos – com o que tem de melhor e próprio, original, qual seja, a garra, a liberdade, a resistência, a tradição de sessenta anos d´avenida, não será já hora?

Eu acho que sim. E acredito.

2.8.07

Paulo Francis é Raça-Fla

"Sócio inscrito do Fluminense (onde treinei natação sob Caximbau. Desisti porque chatíssimo), vi meu primeiro Fla x Flu. Pirilo passou a bola a Zizinho e me tornei Flamengo eterno. Perdi os modos e, na típica tradição flamenguista passional, descarreguei "merdas" e "viados" sobre o adversário, aos gritos, esquecido de que estava na social dos ditos "ms" e "vs". Só não apanhei de flus idosos porque menino de sete ou seis anos. Limitaram-se a me lançar repetidos "cala a boca, moleque", ao que respondia "é a mãe". Não há dúvida de que nasci Flamengo...


[Paulo Francis; O afeto que se encerra, memórias].

1.8.07

O que Paulo Francis tem a ver com o caos aéreo?

Em 1962, já colunista à Última Hora, Paulo Francis perdeu – tragicamente – o irmão mais velho, Fred, “assassinado pela Cruzeiro do Sul”, então importante companhia aérea nacional. No livro de memórias O afeto que se encerra, de 1980, ele relata a barbárie – e não é por acaso qu´a reproduzo aqui, em trechos:

"A Cruzeiro do Sul continua viva, absorvida pela Varig. Nada sofreu. O laudo pericial começou em nível de tenente da FAB, Montenegro Fernandes, me lembro. O tenente descobriu negligência criminosa na queda do Convair da Cruzeiro. (...) Parecia incontrovertível. O tenente Fernandes é ou era o expert da FAB.

O Globo publicou entrevista com um dos raros sobreviventes, húngaro, ex-piloto na Segunda Guerra (...). O homem disse que na decolagem viu um dos motores pegar fogo e avisou à aeromoça. Ela, exibindo o charme e veneno da mulher brasileira, emitiu os ruídos apropriados a débeis que voam inocentes. O húngaro insistiu na seriedade, se identificando piloto profissional. Nada. No diário do comandante havia frases como “se não consertarem esses flaps um dia vai haver uma desgraça”.

Inútil. O laudo subiu a brigadeiro e “renasceu” falha humana, a eterna desculpa das companhias (nem sempre, claro, falsa)".

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Nem sempre falsa, Francis, e raramente, eu acrescentaria, isolada, a despeito de ser mais fácil – bem mais fácil – transformá-la, de possibilidade e parte, em fato e todo, a verdade absoluta, logo única, veredicto afinal, pois que mortos, ora, vão os pilotos, claro!, os que falharam, tanto os de 1962 quanto os de 2007.

Alguma novidade, leitor? Talvez apenas que não seja coisa assim tão recente, desses tempos de Anac etc., a onipotência das companhias aéreas no Brasil.

[Paulo Francis; O afeto que se encerra, memórias, Editora Francis, São Paulo: 2007].

O fantástico mundo de Pim

Meu xará Felipe Calderón assumiu a presidência do México com uma difícil missão: fazer o mundo esquecer Jorge Campos. Para isso, precisava de medidas extremas. Foi o que ele fez. Legalizou a união civil entre "pessoas"; permitiu que prisioneiros "pessoas" recebessem suas "pessoas" queridas em visitas íntimas na cadeia; descriminalizou o aborto através de plebiscito; e - a melhor de todas - ofereceu videogames em troca de armas.

Vale-brindes

No México, um revólver vale um videogame Xbox. Uma metralhadora vale um computador. Um canhão deve valer ingressos vitalícios para a Terra Encantada de Guadalajara. O objetivo, obviamente, é estimular a troca da violência real pela virtual, onde todo mundo pode morrer quantas vezes quiser e seguir matando.

Vou lançar essa medida no Brasil. Aqui, o AR-15 americano vale um Duck Hunt. O HK-47 russo vale um Mario Bros. O suíço Sig-Sauer vale um Fifa Soccer. Granadas e bazucas valem um Play Station. Metralhadoras e morteiros valem um Rio Water Planet. Em pouco tempo, segundo meus cálculos, não precisaremos mais da Barra da Tijuca. Adeus, New York City Center. A Rocinha será o novo Game Works.

Oh, my God...

Uma jovem barrense me vem compartilhar, estupefata, sua nova descoberta: o Brasil tem hoje quase 50 milhões – imagine, 50 milhões! - de evangélicos. Caio na gargalhada. Acho muito engraçado quando um jovem barrense se dá conta do mundo em que vive. É como se um freqüentador da Katmandu descobrisse vida após o túnel: “Caramba, tem até patinação no gelo e Outback no Norte-Shopping!”...

Não sei qual crescimento demográfico é o mais preocupante: o de evangélicos, o de barrenses ou o de freqüentadores da Katmandu. Os evangélicos, decerto, conquistarão o Brasil. O morro não vai descer, leitor. Quem vai descer é Jesus. Ele já está online.

GodTube é a versão evangélica do Youtube. DittyTalk é uma das versõs evangélicas do orkut e do MySpace. ConservaPedia e CreationWiki, dizem, são as versões evangélicas da Wikipédia. E crescem as campanhas para a evangelização via Second Life.

Se seu filho está no computador até altas horas, cuidado: ele pode amanhecer louvando ao Senhor.

Cada um tem a infância que merece

Na crônica "Os suspeitos" (http://www.tribuneiros.com/), eu aguardava ansiosamente os desenhos animados evangélicos. Mas a turma do dízimo, por ora, saiu pela tangente. Preferiu fabricar bonecos religiosos. O supermercado Wal Mart começa a vendê-los este mês nos Estados Unidos. Adeus, He-Man, Thundercats, Comandos em Ação e soldadinhos de chumbo. O negócio agora é Moisés e Daniel na cova dos leões.

Meu romance

As vendas de produtos cristãos, aliás, subiram de US$ 4 bilhões em 2000 para US$ 4,8 bilhões em 2006. É um público de leitores fiéis. Gastam 50% a mais em livros do que outros compradores. Livros religiosos, claro, como o que estou escrevendo no momento: o título provisório, antecipo, é Juveninho de Deus.

Pubs perfumados

França e Inglaterra finalmente entraram para o time de países europeus que proíbem o fumo em locais públicos. Com uma ou outra variante na multa e na lei - às vezes restrita a recintos fechados -, Irlanda, Noruega, Itália, Suécia, Espanha e Escócia haviam saído na frente.

Na Espanha, inclusive, a proibição chegou até a algumas praias. Na França, 15 milhões (25% da população) fumam. Morrem - por isso - 66 mil por ano, e mais 6 mil em conseqüencia do tabagismo passivo. No Brasil, morrem 200 mil. Onde está Lula?

Sou contra a Katmandu. Sou contra o Posto 9. Mas o Jobi até que pode melhorar.

Tour de France

Agora, em Paris, quem tem o cartão de transporte público pode pegar uma bicicleta na rua para ir aonde quiser. Depois, é só deixá-la no ponto - como o de ônibus - mais próximo do seu destino. É o sistema Velib, elaborado para combater o trânsito lento na cidade-luz - e de maneira ecológica.

No Brasil, grandes empresas - como a Globo, no imenso Projac - têm sistema semelhante com guardas-chuvas. Chegará o dia das bicicletas? Sobrarão bicicletas no segundo dia? Ressuscitarão bicicletas no terceiro dia? Criar-se-ão campanhas de "Se beber, vá a pé"? Há jeito para a Marginal paulista? Onde está Lula?

Estamos loucos para vir à redação tribuneira numa mountain bike do governo.

Pílula de pombo

Hollywood não agüenta mais tantos pombinhos. Depois de inúmeras tentativas frustradas de evangelizá-los - "sexo só depois do casamento!", gritavam os pastores nos sinais de trânsito -, as autoridades sanitárias inventaram o OvoControl P. Sim, leitor, um anticoncepcional de pombos, que impede o desenvolvimento do ovo. A estratégia é misturá-lo com as comidinhas dos telhados e parquinhos, e assim estaríamos a salvo de ornitose, criptococose, dermatites e, claro, excrementos públicos. Onde está Lula?

O Andreazza, maior assassino de pombos da história de Paris, não precisa ficar triste: em breve, ele poderá trocar sua espingarda de chumbinho por um Duck Hunt.

Paulo Francis

"Garoto fulo, eu temia as represálias da Autoridade e, pior, não sabia como combatê-la. Dostoiévski respondeu. (...) O cerne revolucionário de Crime e castigo é que Raskolnikov racionaliza, e assim justifica, o assassinato de outra pessoa, em causa própria, pela capacidade maior que tem, teórica, de reorganizar a ordem das coisas, que ele destrói pelo ato consciente de um intelecto superior. Vale tudo, se você agüenta a parada, intelectualmente. (...) Na época, renasci da irritação impotente à subversão do que me impingiam. Bastava "apenas" pensar bem, em profundidade, que a prisão, que a cela se abriria...

De 14 aos 27 anos li tudo que conseguia pegar, média de seis horas por dia, investimento que me rende até hoje. Colégio de manhã, almoço, leitura até à noite, quando voltava à normalidade moleque da idade. (...) A experiência me mudou opiniões mil, mas duvido que qualquer universidade me desse base semelhante".

[Paulo Francis; O afeto que se encerra, memórias, 1980].