
(Proust e James Joyce estiveram juntos uma vez). (Chegaram mesmo a dividir um táxi). (Trocaram mal uma palavra). (A literatura viajava, ali, inteira, de táxi - e não se reconhecia). (Ou será justamente o contrário)? (Para um esboço biográfico de M.P. - do que, advirto, não se trata esta peça -, é informação [questão] tentadora). (Ao grande escritor, afinal, o diálogo, a conversa, a troca de idéias, para muito além do vulgar, fosse com Joyce ou com joão, era, indistintamente, algo como um golpe contra a mente, o pensamento, a reflexão). (A Marcel Proust, para quem só a paixão e o sofrimento afiavam os poderes da observação, a única palavra a ter algum valor era a escrita).
Amizades, se as tinha, eram secundárias e casuais. Poderoso observador, da sociedade, da aristocracia, que freqüentava menos do que se crê, valia-se por fonte. Assim, nela, acumulava desafetos. Com sorte, desconfianças. Era escritor – incondicionalmente.
Bem cedo, por saúde e vocação, conformou-se à solidão – mas o pulmão precário e a invalidez progressiva, se lhe tiraram a vida aos 51 anos, também lhe ensejaram a desculpa definitiva para, vivendo, manter as gentes ao largo quando quisesse ler e escrever. E ele sempre queria, excessiva e obsessivamente.
Para a literatura universal, a asma de Marcel Proust foi mais importante que todas as linhas escritas no Brasil – até o advento de Felipe Moura Brasil*, o nosso redentor.
* curiosamente, autor da Crônica de enfermidade [15/08/2007], disponível no arquivo de textos do glorioso site desta Casa.
5 comentários:
Obrigado, Andreazza. É sempre uma honra ser mais importante do que uma asma.
Sem querer me gabar, mas um dia peguei um taxi com o Pim.
Não seja modesto, J.P.: você é o James Joyce tribuneiro!
Andreazza, meu caro, agradeço o elogio; mas minha capacidade se resume em escrever o lide do jornalista quando jovem. Nada mais que isso.
Boa, J.P.!
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