27.12.07

Camunguelo
(1947-2007)

Compositor, flautista, cantor, dançarino, partideiro, chorão, portelense, sambista sempre bem recebido e respeitado, Cláudio "Camunguelo" entrava em qualquer batucada com seu instrumento, seu humor, seus versos de improviso, sua boina branca e seu cordão prateado. Era um dos poucos músicos de sopro capazes de embelezar o samba sem lhe roubar a essência.

Neto de baianos que freqüentaram a Praça Onze, no Rio, Camunguelo - ainda menino - ganhou uma flauta de bambu do pai, que trabalhava na Guarda Municipal, logo que mostrou interesse por música. Aos 16 anos já compunha e, mesmo sem ler partitura, começou a gravar jingles para a Rádio Nacional. Ao dar baixa na Aeronáutica, seguiu a profissão de estivador do cais do porto, além de instalador de letreiros luminosos, ajudante de pedreiro, motorista de táxi e ônibus, entre outras.

Freqüentador do Cacique de Ramos desde 1966, antes mesmo da quadra do bloco virar reduto de bambas (como, aliás, Arlindo Cruz, responsável por seu apelido), foi Camunguelo quem lá introduziu o então moleque Zeca Pagodinho, seu conterrâneo do Irajá e já parceiro nos sambas seminais "Sinuca de bico" e "Amarguras" (dos versos "De que vale a vida/Se eu não tenho a sorte/Se a alma é fraca/Pra que corpo forte?"). Suas músicas foram gravadas por Zeca, Arlindo, Fundo de Quintal, Zé da Velha, Silvério Pontes e outros.

Camunguelo morreu na tarde de segunda-feira (24/12), no Rio, aos 61 anos, vítima de complicações causadas por diabetes.

3 comentários:

C.A. disse...

O grande e inesquecível Camunga!

Chico disse...

Mano Andreazza,que bom seria que essa notícia da morte de Camunguelo, fosse como nos versos do seu samba que gosto demais.GURUFIM

"EU VOU FINGIR QUE MORRIR/PRA VER QUEM VAI CHORAR POR MIM/E QUEM VAI FICAR GARGALHANDO NO MEU GURUFIM...

QUEM VAI BEBER MINHA CACHAÇA/QUEM VAI TOMAR DO MEU CAFÉ/E QUEM VAI FICAR PAQUERANDO A MINHA MULHER..."

Um grande perda para o samba.

Chicão
Grupo Imperion@utas

Felipe Moura Brasil (Pim) disse...

Quiséramos nós, Chico, que fosse só fingimento.
Camunguelo, aliás, cantou "Meu gurufim" (Lino Roberto/Dominguinhos do Estácio/Sebastião Maria) no CD do Pagode do Arlindo e eis um exemplo do que aqui escrevi: ele - pelo que observei na ocasião - não estava no programa, mas chegou, pegou o microfone, entrou na roda e, felizmente, acabou também entrando no disco. Coisas do samba...